O primeiro período republicana brasileiro, conhecido como República Velha, foi marcado pelas características sociais e politicas construídas desde a independência, quando se consolidaram elites provinciais rurais acostumadas a desconsiderar qualquer autoridade constituída e a fazer valer a própria vontade em sua área de influencia.
Entre as abordagens clássicas sobre o coronelismo, destaca-se o estudo de Victor Nunes Leal, Coronelismo, enxada e voto (1949). Para o autor, o coronelismo é um fenômeno caracterizado a partir do momento da história brasileira em que o poder publico fortalecido opta pela manutenção dos antigos chefes locais (poder privado). O município seria a esfera pública predominante do continuísmo e, de certa maneira, do predomínio da esfera privada sobre a esfera pública. As bases politicas desse sistema eram garantidas pelas relações estabelecidas entre os chefes locais (os coronéis), os antigos presidentes das províncias (que passaram, com a República, a ser designados como estados da federação) e os representantes do poder central.
As relações entre o coronel e o eleitorado rural baseavam-se "no voto de cabresto", tendo em vista a manutenção da politica vigente. O autor afirma que a população se via submetida aos mandos e desmandos do potentado rural. O homem do campo vivia em estado de pobreza e ignorância, sem possibilidades de alfabetização e acesso à informação. A dependência e as relações de favor colocavam o roceiro em estado de subserviência.
Qualquer tipo de manifestação contrária era fortemente reprimida pela figura do jagunço ou da própria polícia, sempre a mando do coronel. O processo eleitoral era viciado pelas fraudes em larga escala, entre outros motivos pela inexistência do voto secreto, e o resultado das eleições era sempre previsível. Mas do que expressar as preferências dos eleitores, as eleições serviam para legitimar o controle do governo pelas elites politicas e estaduais. Quando a república foi instituída, aboliu-se a exigência de renda para ser eleitor ou candidato. As mulheres e os analfabetos (estes representavam 50% da população) não tinham direito ao voto.
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